Por Magno Martins – A reeleição de Raul Henry na presidência do MDB já era dada como certa e não surpreendeu. Aliado do prefeito do Recife, João Campos (PSB), provável adversário de Raquel Lyra (PSD) em 2026, Henry vai continuar mandando no partido, mas não terá o poder, de forma isolada, de decidir se a legenda estará aliada ao projeto majoritário do PSB no Estado nas eleições do ano que vem.
Não é que não tenha força nem desejo. Henry vai depender do rumo que o MDB tomar no plano nacional. O partido tem, hoje, 44 deputados federais, 11 senadores e três governadores. Nas eleições municipais de 2024, o partido elegeu 864 prefeitos, dos quais cinco de capitais: São Paulo, Porto Alegre, Belém, Boa Vista e Macapá. No ranking nacional, só perdeu para o PSD, que emplacou 891 prefeitos.
Por tudo isso, o MDB é uma noiva bastante disputada no plano nacional e no momento discute uma federação partidária com o PSD e o Republicanos, estando as tratativas mais avançadas com o último, partido que integra o Centrão no Congresso, ocupa ministérios no Governo Lula, mas é uma incógnita em relação ao candidato que apoiará para presidente da República.
Se o MDB fechar a federação com o Republicanos, teoricamente Henry terá mais chances de consolidar o seu projeto de apoiar João, até porque o ministro Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), que tem sido uma voz nacional ativa em favor do apoio do seu partido à reeleição de Lula, sonha 24 horas em disputar uma das vagas ao Senado na chapa de João.
Se, no entanto, o MDB fechar uma federação com o PSD, partido em nível nacional comandado a mão de ferro pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a governadora Raquel Lyra, que trabalhou pela vitória de Jarbas Filho na disputa contra Henry e saiu derrotada, pode voltar a ter chances de contar com o MDB em seu palanque. O fato é que os arranjos nacionais complicam os entendimentos nos Estados. Este jogo, portanto, ainda está em aberto, dependendo do que for decidido pelos caciques nacionais, que jogam e definem seus times de olho na Presidência da República e não a reboque dos interesses regionais.